quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Londres - a partida




12 de agosto de 2010.
Estou na area de embarque internacional do aeroporto internacional de Fortaleza aviador Pinto Martins. Depois de uma fria – nem por isso desagradável – entrada, uma moça bonita recepciona-me com um sorriso de orelha a orelha e me entrega um panfleto do Duty free com ofertas tentadoras, em sua maioria bebidas e cigarros.

Área de embarque internacional, primeira vez. É como estar em lugar nenhum do mundo, onde a nacionalidade, a identidade chega a ser questão de sobrevivência. Sei que ainda estou em meu país, mas já me sinto meio sem chão... Ouço histórias de muito longe, de outras culturas, raças, cor, credos, ideologias.

Muitos estão a passeio. Afinal estamos em Fortaleza, capital do tão afamado Ceará, onde o sol brilha o ano inteiro e, dizem as más línguas, o pessoal fala cantando. Terra dos maiores humoristas do país, conhecida pela hospitalidade, pelas belas praias, pela lagosta e pela india Iracema.

Primeira fila de imigração da minha vida. Tensão. As pessoas – clientes e funcionários – sérias. Eu realmente não gosto desse clima. Chega minha vez. Uma agradável moça com cara de cearense seria minha inquisidora. Ao aproximar-me lanço todo meu charme:

- Boa noite.

- (ela não me responde)

Mesmo assim quase esboçou um sorriso, rs, consegui atingí-la com a melhor das armas: a educação. Entreguei passaporte e passagem. Ela devolve-me a passagem. Tensão. O que ela vai perguntar, pensei. Caralho, será que pus os documentos na mochila mesmo? Já passava toda a história na minha cabeça: estou indo para Londres fazer um curso de inglês, estou indo ficar na casa de meu primo, blá, blá, blá, então... Ela devolve-me o passaporte e diz:

- Boa viagem.

Ah certo, estou em meu país, não preciso justificar o que estou indo fazer la fora! rs.Que bom, menos bucocracia.

Escrevendo comeco a sentir que estou fora do Brasil. Já está registrado que não estou mais nele e, olhando essas pessoas, sinto não estar mais no meu amado e abençoado lugar. Daqui a pouco, Portugal.

- O senhor abençoou-me e o Miranda escolheu uma janela pra mim! – pensei. Será que vou realizar meu sonho de ver no avião o sol nascendo? Chegando em Brasília quase consegui ver mas, pasmem, errei o lado do avião, rs.

Estou sob custódia do meu país, mas obedecendo a leis que trancendem-no. Jajá adeus carnaval, adeus aquele acordar na casa de minha mãe ouvindo os pássaros enquanto observo as palhas de um coqueiro super verde balançando na famosa brisa Cearense... Aquele é o meu Camocim, o qual chamo Paraíso. Até sei lá quando!

Uma coisa é certa: muita família, pouco homem solteiro. O perfil do turista que vem ao Ceará deve estar melhorando mesmo – sem entrar obviamente no mérito se a prostituição em Fortaleza está diminuindo ou não.

Fui ao banheiro. Tudo é uma incitação ao consumo! Deparei-me com umas cervejinhas bem geladas e... Estou tomando uma bohemia geladinha agora! rs.

E nada de embarque! O que vai ser de mim, pergunto... Pra que saber! Respondo.
Deixa rolar!

O embarque começa... A aventura começa.

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