quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Londres - a chegada





A viagem foi ótima. Lanchinho gostoso, poltronas até confortáveis (melhor que as quais eu viajei no Brasil) e me divertindo ouvindo o sotaque dos portugueses! Não posso falar do sotaque de ninguém, afinal sou do Ceará, um dos sotaques mais peculiares do Brasil!

Em Lisboa tinha uma hora para desembarcar e pegar o outro avião. Quem disse que eu lembrava? rs. Estava extasiado com a viagem, com o visual de Lisboa (parece ser uma cidade linda), e estava lá tras no avião, não ia incomodar ninguém. Quando eu desci do avião a surpresa: um vento gelado! Muito frio. E pensei: nossa e é verão! Imagine descer desse avião no inverno. No caminho do saguão foi que lembrei que tinha que pegar o outro vôo! Chegando lá perguntei para um funcionário sobre o que deveria fazer, ele me informou: pegue a fila tal, que esqueci o nome mas quer dizer algo como “remarcação”. Uma fila gigante! Esperei um pouco mas vi que aquilo não estava certo... Vi umas funcionárias que não estavam atendendo e dei o velho “jeitinho brasileiro”: saí da fila e fui ao encontro delas. Não as interrompi mas elas faziam cara de que não estavam nem ai para mim. Até que uma se incomodou e disse:

- Senhor, você precisa pegar a fila para ser atendido.

- Eu sei, mas me informaram que eu precisava pegar essa fila, mas meu vôo para Londres está saindo agora e vou perdê-lo se não resolver logo! (Eu estava com o cartão de embarque na mão).

- Senhor, você já tem o cartão de embarque, pode ir direto para o portão tal e embarcar.

- Obrigado! – E corri. O funcionario tinha me dado a informacao errada.

Estava tão atordoado que nem lembro se falamos português ou inglês, sei que comecei a vida de Europa: corri até o tal do portão que não era perto! Passei no raio X, achei a área de embarque mas... Ninguém. Olhei o relógio: 9:25am. Meu vôo era 9:20am. Poxa, rs, por 5 minutos é foda...

Usei o telefone de informações que tinha do lado e a atendente da TAP disse que eu devia ir para a tal fila que não lembro o nome. Ai relaxei, fui no banheiro, lavei o rosto, usei o anti-séptico bucal e me preparei para enfrentar a fila de novo... Andei de volta tudo o que tinha corrido e lá vou eu enfrentar uma fila maior do que já estava naquela hora! E eu inocente achando que fila era privilégio do Brasil. Esperei um bom tempo. Fui muito bem atendido, e graças a DEUS não precisei pagar pela remarcação. Quando ela me disse o horário final de embarque do novo vôo, adivinhem: faltava uns 10 minutos! Nova correria. Pelo menos dessa vez já sabia onde era o portão!

Cheguei a tempo. Embarquei. Do meu lado um garoto cheirando a bebida... Não tem nada pior do que bafo de bebida! De qualquer forma bobagem, estava super feliz e ansioso pela chegada em Londres, principalmente por conta da imigração. Depois de um tempo observei o passaporte dele e vi que era australiano.

Antes do desembarque ouvi pelo sistema de som que tinha que preencher um papel quem não era cidadão europeu e que precisava estar com ele em mãos no desembarque junto com o passaporte. Na saída do avião uns policiais britânicos com cara de mau parando as pessoas que estavam com o cartão! Quem me parou foi uma mulher perguntando:

- Hi, what are you coming to do in England? – Nisso de um jeito super rápido de maneira que não dava tempo para você pensar, para saber mesmo se você não está querendo mentir. Ai meu Deus, era a hora!

Falei que estava vindo fazer um curso e tal. Ela pediu para ver a carta da escola, mostrei. Perguntou onde eu ia ficar, mostrei a carta do João (meu primo que estava me esperando no saguão) com o endereço. Ela me perguntou quanto eu tinha de dinheiro para ficar, eu falei. Nessa confusão toda de papel voou as libras que eu tinha comprado no Brasil! O dinheiro esparramou no chão e eu super nervoso dizendo:

- Ow forgive-me, forgive-me!! (perdao!)

Ela me surpreendeu nessa hora e fez uma brincadeira:

- Ah não senhor, desculpe mas não aceito propina! (Em inglês).

Ajudou-me a recolher os papéis, foi super atenciosa e educada. Na despedida desejei um ótimo dia para ela, ela desejou-me o mesmo. Os ingleses mostrando-se super educados.

- Acabou? Pensei. Era só isso? Já estava procurando ver se via o João quando deparei-me com a verdadeira fila da imigração: uma para cidadãos europeus, outra para não-cidadãos. Estava tranquilo. Sabia que não tinha o que temer, estava tudo certo, todo documentado. Não vim para imigrar até porque não quero! Preciso do sol para viver... Sou do Ceará, amo o sol, água de coco fresca e o calor das pessoas.

Meu inquisitor foi um senhor. Parecia ser o mais exigente de todos! Fez-me milhões de perguntas e eu, com meu inglês mais ou menos, ia respondendo. Perguntou quem estava me patrocinando, respondi meu pai. O que ele fazia no Brasil (a primeira moça já havia perguntado), o que eu fazia no Brasil (mostrei a carteirinha da faculdade junto com a declaração de matrícula), blá, blá, blá... Falei que ia ficar na casa de meu primo que é Espanhol. Ele perguntou se eu era brasileiro por completo, eu respondi que sim. E ele soltou a pergunta casca-de-banana:

- Se você é brasileiro, como pode ser seu primo Espanhol?

Eu fiquei meio boquiaberto com a pergunta, já estava quase fazendo amizade com ele. Respondi na maior naturalidade a verdade:

- O pai dele é Espanhol e casou com minha tia.

Depois disso tudo OK, carimbou meu passaporte e disse que eu podia ir. Como com a moça eu desejei um ótimo dia, ele desejou-me o mesmo. Pronto, estava na Inglaterra! Vitória!

O João coitado me esperava aflito no desembarque! Abraços, beijos, emoção. Pedi desculpas por não ter avisado que tinha perdido o vôo, mas não tinha tido tempo. Depois comprar o oyster, pegar o metrô e começar a vida em Londres. Cheguei com chuva, vento e frio. E eu esperando um bom dia de verão!

Ele morava em Islington, região norte de Londres. No mesmo dia fui no trabalho dele em Houborn e fiquei andando pela região. Adivinhem, nessa minha andança encontrei até a sede do meu curso! rs.

Esses primeiros dias o tempo estava muito ruim: vento, chuva, frio...

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