Diferente da ciência, eu acredito no que não conheço. Diferente da religião, eu não acredito que possuo toda a verdade. Em verdade sou um simples cristão, seguidor da mensagem de Jesus Cristo, crente na salvação da humanidade.
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Vagabunda
Faz poema quem ama
sofre quem se arrepende
mata quem não consola?
O que importa?
Se te amo, não sei
se te odeio, não sei quando comecei
Se te atormento, não consigo parar
vagabunda
Ate te ter em minhas mãos
Ate parar de sorrir
Ate parar de chorar
Desabar, fraquejar, desejar
essa tua boca imunda
que diz as mais belas coisas
Essas delicadas mãos
vão da perversidade a sexualidade
Pura personalidade
Tua bunda carnuda
me faz perder o juizo
Ah, seios maravilhosos...
pontiagudos e vagabundos
Te quero toda, nua, minha, vagabunda
Te quero de mais
te quero de menos
quanto mais te odeio
mais te abomino
e mais e mais te quero
longe de mim
Mas, por favor, não vais tão longe
volta, mas vai
grita, mas vem
vê, mas fecha meus olhos
Deixa de lera
e abre essas pernas
e me leva ao paraiso
minha vagabunda
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Crônica: O Tal do Sistema*
Anda cada vez mais difícil viver dentro do sistema. Responsabilidades e trabalho em troca de desconfianças, individualidade, ambição e injustiça, disfarçadas em uma grana\esmola no final do mês.
Mas o que é esse tal de sistema que as pessoas tanto falam, principalmente aquelas ligadas à esquerda (um termo complicado de se usar)? Tentarei falar um pouco sobre, mesmo tendo consciência de que não conseguirei explicá-lo em toda sua abrangência.
O SISTEMA É O MODO ECONÔMICO-SOCIAL-POLÍTICO-IDEOLÓGICO que "escolhemos" viver - o modo como nossa sociedade está organizada. É baseado no lucro, na acumulação de capital e na divisão de classes. Quanto mais poder ou dinheiro você tem - ou aparenta ter, mais importante você é dentro da sociedade. Valores como decência, honestidade ou inteligência ficam em segundo plano – ter um carrão chama mais a atenção que escrever um livro.
O homem tem necessidades materiais que necessita satisfazer, e para isso desenvolveu técnicas como o comércio, a agricultura e a fábrica (produção em série – ver Taylorismo e fordismo, escolas da ciência administrativa). Nossa sociedade contemporânea começou a moldar-se com o mercantilismo (grandes navegações e exploração das colônias), com a revolução industrial inglesa (ascensão das fábricas, da relação patrão-empregado e das grandes cidades) e da Revolução Francesa – os comerciantes\burguesia tomam o poder da aristocracia. Assim nasceu o sistema capitalista, que veio tomar o lugar do então vigente feudalismo. Mas o que ganhamos mesmo com isso?
Você pode ir de ônibus, andando ou de bicicleta ao trabalho, porque então trabalhar muito mais para manter um carro e ir todo dia nele? O que realmente nos leva a aceitar e abraçar o sistema já que ELE NÃO GERA AS MESMAS CONDIÇÕES DE ASCENSÃO SOCIAL A TODAS AS PESSOAS, sendo, portanto, em verdade uma grande e mal disfarçada forma de exploração do homem pelo homem, como dizia Marx?
Nós somos criados dentro de um sistema de valores repassados principalmente PELA TELEVISÃO. Desde que nascemos a mídia nos "ensina" o que é TER SUCESSO, como GOZAR O PRAZER, o que é FELICIDADE - quem achar que estou errado por favor prepare uma boa defesa. Para ser aceito no seu grupo, o homem vai atrás de dinheiro para ter suas necessidades SOCIAIS - não mais materiais - atendidas: pegar mulher na balada com um carrão, ser respeitado pela família ao ter um bom apartamento ou casa ou ainda obter admiração dos amigos e conhecidos por causa do bom emprego. Quem não quer ser médico ou advogado para ser chamado de “Dotô”?
Como disse meu amigo Cazuza, "... nosso crime não compensa": se você opta ser verdadeiro e feliz, fazer o que quer, não obedecer patrão, não ter carro e andar de bicicleta é desvalorizado. Ao contrário, quem rouba para comprar carrão, apartamento em Fortaleza e roupas caras é visto como “esperto”, quase como se a sociedade tivesse obrigação de provê-lo tudo isso – nada com a realidade política local! Aliás, nós brasileiros trabalhamos quase CINCO MESES DO ANO só para pagar imposto ao governo! E o que recebemos em troca?
Existem outras formas de organização da sociedade. Raulzito já cantava "Viva à sociedade alternativa". O hippies já mostravam na década de 60 que ser feliz sendo diferente é possível. OK que esses casos incluem muitas drogas para se ter a mente "tão aberta", mas há casos de sociedades alternativas aqui no Brasil – assim como no resto do mundo – onde alguém doa partes de sua terra para pessoas virem morar, plantar, cuidar da terra e uns dos outros, vivendo em uma sociedade comunitária com respeito entre si, valores morais, religiosos, sentimentos de justiça e igualdade – tudo isso sem drogas. Eu vi com meus próprios olhos nessas andanças que fiz pelo país. Não estranhem isso não passar na televisão...
Então assim eu descrevo como é a sociedade que quero viver: uma ideologia de justiça e igualdade; uma economia baseada no trabalho voluntário (você trabalha naquilo que faz melhor) e com produção dividida igualmente entre seus membros; e o meio social onde os líderes são escolhidos naturalmente de acordo com sua capacidade de liderança e de produzir riqueza e segurança para o seu povo.
Um sistema econômico justo traria harmonia a esse povo, que teria tempo de CUIDAR MELHOR DOS FILHOS e para atividades como arte, esportes e lazer. Aliás, como anda nosso tempo hoje? Quantas horas do dia você passa trabalhando e quantas se divertindo? Será mesmo que DEUS nos criou para sermos escravos do trabalho?
*Publicado no jornal O Correio do Litoral de Julho.
Crônica: Porto, trem, lagosta... Hoje o turismo!*
Quinta feira dia 21 estive com D. Maria José Coelho de Carvalho, secretária de turismo de Camocim. Em sua sala com um bonito quadro ao fundo, recebeu-me muito bem e foi super agradável e prestativa quanto as informações que pedi.
O que mais gostei de ouvir em nosso bate papo, atrevo-me a assim chamar, foi sua preocupação em preparar a cidade antes de anunciá-la na mídia. Esse é um pensamento corretíssimo, pois é claro para nós que nosso paraíso não tem nenhuma excelência em serviços. Mesmo assim vejam a situação de nossos hotéis: hoje falta leito em Camocim! Informação muito importante essa, pois indica que sim, Camocim está recebendo muita gente e a tendência é recebermos mais.
Em seguida fui para Jericoacoara, nossa querida Jeri. Uma turma de cinco pessoas, eu incluso, fizemos caminhando esse percurso de 45 km! Dois nativos, uma semi-nativa (Carolina Chavez, do Carol Acqua, residente em Camocim há 10 anos) e dois visitantes: uma de Brasília e outro que mora no Canadá, irmão de um que se apaixonou por essas terras e por cá resolveu ficar. Nem preciso dizer que foi maravilhoso. Quantas pessoas pagariam por aquele passeio – imaginava essa minha cabeça de comerciante\publicitário. E não só esse passeio, mas pelo mangue do Coreaú, para a Barra dos Remédios, parque de dunas, por nossos seis grandes lagos... Tantas chances de crescer nós temos com o turismo, disse bem nossa secretária. Afinal com um litoral de 62 km praticamente virgem, o maravilhoso mangue do estuário do Coreaú, clima bom o ano inteiro, num momento da economia mundial que o turismo - assim como todo o setor de serviços - só cresce, é pra lá mesmo que temos que correr. Inclui-se nesse contexto nossa pesca que não anda lá essas coisas e nosso parque industrial incipiente.
E quando há investimento tem que ser bem feito. Nossa nova beira mar ficou mais verde, mais iluminada, ganhou um mirante maravilhoso, mas o que são aqueles bancos na praça do Ódus, em tese nossa praça de eventos (inclusive com placa indicativa)? E a falta de engenharia quanto a altura do calçadão nas áreas em que a maré sobe e o banha? Daqui a pouco aqueles conhecidos buracos aparecerão – já nos dizia Fernando Veras em sua crônica de dezembro. Saudoso lembro de nosso “Café Du Port”, restaurante de todo bom gosto localizado na mesma beira-mar levado pelas chamas. Jeri é hoje o que é pela divulgação sim, mas muito pela qualidade de suas hospedagens e restaurantes. Para atrairmos turistas não bastam belezas naturais, precisamos de serviços de qualidade. Qual passo estamos dando nessa direção?
D. Maria José falou do seu trabalho a frente da secretaria para esse carnaval. Cursos em parceria com o SEBRAE para melhorar a qualidade de nosso serviço, produção do folder explicativo para os foliões, cadastramento das famílias que alugarão suas casas durante o período momino, trabalho junto às barracas de praia, principalmente as do Maceió e Tatajuba... Mas e depois? Mesmo organizados, como vamos nos diferenciar como destino turístico já que coqueiros, dunas e sol existem em vários outros lugares?
Já repararam em nossa riqueza arquitetônica? O projeto para Camocim junto ao IPHAN, órgão do governo federal, anda lento (o prédio da antiga prefeitura está aguardando avaliação) e nosso plano diretor está para ser votado, ações que vão nesse sentido. A história de Camocim, a conhecemos? Quem teve o privilégio de ler algum livro do Sr. Arthur Queiroz, nosso querido memorialista, sabe o que estou dizendo. Não esqueçamos que Camocim já foi uma importante cidade com porto, cinema, vôo direto para Fortaleza em plena década de 50, base de apoio aos vôos Europa e EUA - Rio de Janeiro, primeira loja maçônica do Ceará, o aviador Pinto Martins... Nossa Camocim é uma mistura de culturas. Já repararam como aqui tem gente com olhos claros e cabelos loiros? Essa forte herança européia contrasta com nossos traços indígenas da nação Tremembé. Um lugar único, especial, aconchegante. Sim, temos muita coisa além de praias.
Um passo para a valorização de nossa cultura foi feito com o Festival Gastronômico de Camocim e o Salão de Artes, eventos produzidos pela Prefeitura que nos lembram que não somos só praias: somos cultura, somos história, somos culinária, somos esportes náuticos, somos artes plásticas, somos literatura, somos arquitetura... precisa que outros venham de fora e nos digam o quanto somos maravilhosos? Será que eu conseguiria ter feito aquele passeio com amigos aqui da terrinha? Almir Klink teve que nos dizer que nossa beira mar é o maior museu de embarcações artesanais ao ar livre do mundo, imaginem quantas coisas ainda temos por descobrir.
Temos uma paisagem paradisíaca, uma gente maravilhosa e uma cultura super interessante, tudo que o turista hoje procura. Para atendê-los precisamos de estrutura, de serviços de qualidade. Que Camocim saiba hoje se preparar para a demanda que haverá quando o Brasil, quem sabe o mundo, descobrir esse pedaço do paraíso esquecido no norte do Ceará...
Site oficial da Setur: www.camocimturismo.com.br
*Crônica publicada no jornal O Correio do Litoral de Março. Retirei essa imagem da Internet. Obrigado Franco de Lagos!
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