Diferente da ciência, eu acredito no que não conheço. Diferente da religião, eu não acredito que possuo toda a verdade. Em verdade sou um simples cristão, seguidor da mensagem de Jesus Cristo, crente na salvação da humanidade.
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Crônica: O Tal do Sistema*
Anda cada vez mais difícil viver dentro do sistema. Responsabilidades e trabalho em troca de desconfianças, individualidade, ambição e injustiça, disfarçadas em uma grana\esmola no final do mês.
Mas o que é esse tal de sistema que as pessoas tanto falam, principalmente aquelas ligadas à esquerda (um termo complicado de se usar)? Tentarei falar um pouco sobre, mesmo tendo consciência de que não conseguirei explicá-lo em toda sua abrangência.
O SISTEMA É O MODO ECONÔMICO-SOCIAL-POLÍTICO-IDEOLÓGICO que "escolhemos" viver - o modo como nossa sociedade está organizada. É baseado no lucro, na acumulação de capital e na divisão de classes. Quanto mais poder ou dinheiro você tem - ou aparenta ter, mais importante você é dentro da sociedade. Valores como decência, honestidade ou inteligência ficam em segundo plano – ter um carrão chama mais a atenção que escrever um livro.
O homem tem necessidades materiais que necessita satisfazer, e para isso desenvolveu técnicas como o comércio, a agricultura e a fábrica (produção em série – ver Taylorismo e fordismo, escolas da ciência administrativa). Nossa sociedade contemporânea começou a moldar-se com o mercantilismo (grandes navegações e exploração das colônias), com a revolução industrial inglesa (ascensão das fábricas, da relação patrão-empregado e das grandes cidades) e da Revolução Francesa – os comerciantes\burguesia tomam o poder da aristocracia. Assim nasceu o sistema capitalista, que veio tomar o lugar do então vigente feudalismo. Mas o que ganhamos mesmo com isso?
Você pode ir de ônibus, andando ou de bicicleta ao trabalho, porque então trabalhar muito mais para manter um carro e ir todo dia nele? O que realmente nos leva a aceitar e abraçar o sistema já que ELE NÃO GERA AS MESMAS CONDIÇÕES DE ASCENSÃO SOCIAL A TODAS AS PESSOAS, sendo, portanto, em verdade uma grande e mal disfarçada forma de exploração do homem pelo homem, como dizia Marx?
Nós somos criados dentro de um sistema de valores repassados principalmente PELA TELEVISÃO. Desde que nascemos a mídia nos "ensina" o que é TER SUCESSO, como GOZAR O PRAZER, o que é FELICIDADE - quem achar que estou errado por favor prepare uma boa defesa. Para ser aceito no seu grupo, o homem vai atrás de dinheiro para ter suas necessidades SOCIAIS - não mais materiais - atendidas: pegar mulher na balada com um carrão, ser respeitado pela família ao ter um bom apartamento ou casa ou ainda obter admiração dos amigos e conhecidos por causa do bom emprego. Quem não quer ser médico ou advogado para ser chamado de “Dotô”?
Como disse meu amigo Cazuza, "... nosso crime não compensa": se você opta ser verdadeiro e feliz, fazer o que quer, não obedecer patrão, não ter carro e andar de bicicleta é desvalorizado. Ao contrário, quem rouba para comprar carrão, apartamento em Fortaleza e roupas caras é visto como “esperto”, quase como se a sociedade tivesse obrigação de provê-lo tudo isso – nada com a realidade política local! Aliás, nós brasileiros trabalhamos quase CINCO MESES DO ANO só para pagar imposto ao governo! E o que recebemos em troca?
Existem outras formas de organização da sociedade. Raulzito já cantava "Viva à sociedade alternativa". O hippies já mostravam na década de 60 que ser feliz sendo diferente é possível. OK que esses casos incluem muitas drogas para se ter a mente "tão aberta", mas há casos de sociedades alternativas aqui no Brasil – assim como no resto do mundo – onde alguém doa partes de sua terra para pessoas virem morar, plantar, cuidar da terra e uns dos outros, vivendo em uma sociedade comunitária com respeito entre si, valores morais, religiosos, sentimentos de justiça e igualdade – tudo isso sem drogas. Eu vi com meus próprios olhos nessas andanças que fiz pelo país. Não estranhem isso não passar na televisão...
Então assim eu descrevo como é a sociedade que quero viver: uma ideologia de justiça e igualdade; uma economia baseada no trabalho voluntário (você trabalha naquilo que faz melhor) e com produção dividida igualmente entre seus membros; e o meio social onde os líderes são escolhidos naturalmente de acordo com sua capacidade de liderança e de produzir riqueza e segurança para o seu povo.
Um sistema econômico justo traria harmonia a esse povo, que teria tempo de CUIDAR MELHOR DOS FILHOS e para atividades como arte, esportes e lazer. Aliás, como anda nosso tempo hoje? Quantas horas do dia você passa trabalhando e quantas se divertindo? Será mesmo que DEUS nos criou para sermos escravos do trabalho?
*Publicado no jornal O Correio do Litoral de Julho.
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