Durante sua apresentação no Festival Rock in Rio, na cidade do Rio de Janeiro, o cantor Samuel Rosa, do grupo Skank, aproveitou a deixa da musica "É proibido fumar", de autoria de Roberto e Erasmo Carlos, para defender seu lado político. "Maconha é proibida, mas mensalão de novo pode, né?" afirmou para delírio de seus fãs, em sua grande maioria formado por jovens.
Rosa não aproveitou a ocasião para divulgar as arbitrariedades que envolveram a Ação Penal (AP) 470, que ficou conhecida como o "Mensalão". Os erros processuais da AP 470 levaram à renúncia de seu relator e então presidente do Supremo Tribunal Federal neste mês de agosto, Joaquim Barbosa, pressionado pela classe advocatícia.
Mais intrigante ainda é a relação entre a AP 470 e a Cannabis Sativa.
Quando o artista decidiu não falar o outro lado da moeda, fazendo uma analogia direta entre os dois casos mesmo sem haver, torna-se clara sua intenção não de informar o público, mas divulgar seu ponto de vista. Samuel Rosa, assim, serve de 'testa de ferro' para os interesses dos partidos de oposição do Brasil, geralmente ligados à classe empresarial e meios de comunicação, grupos de fundamental importância para a sobrevivência de um grupo musical.
Se Rosa desejava que seu comentário tivesse uma conotação positiva deveria deixar claro sua intenção com o protesto - apoiar os partidos de oposição no Brasil. Embora, diante do contexto, esse esclarecimento seria de difícil compreensão, já que estamos falando de um público jovem, em sua maioria não conhecedor do funcionamento do Show Business no mundo.
Alguns pesquisadores acreditam que uma pessoa famosa, conhecida do grande público, tem condições de influenciar no voto dos eleitores ao emprestar sua imagem ao candidato. Essa tática, entretanto, não é discutida abertamente, pois a presença do artista precisa parecer voluntária para que surta efeito.
Ainda analisando a fala do vocalista da banda, Rosa fala em 'fazer de novo', sem explicitar o porquê, já que o esquema de compra de votos no legislativo - uma criação do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) - teria acabado com sua descoberta. Rosa também não deixa claro o porquê do processo contra o PT ter andado tão rápido, embora o processo contra o PSDB estar parado no legislativo brasileiro correndo o risco de prescrever.
A ação do grupo Skank denota a estratégia da oposição brasileira: não consegue vencer o Partido dos Trabalhadores nas urnas, então a ideia parece migrar para meios alternativos de ir desgastando o Partido, como exploração de escândalos políticos com cobertura jornalística parcial e terrorismo midiático - basta que lembremos das câmeras de televisão transmitindo o "show" mensalão ao vivo para todo o País ou as capas sensacionalistas da Revista Veja.
*Exercício para o blog da disciplina Jornalismo Online da Faculdade Cearense - 2014.2.
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