Minha cabeça
Meu coração
E meu estômago
Guardam o meu medo
Seu cheiro é forte como o vermelho do sangue
E amargo
Minha coragem criou asas
Me deu um pé na bunda
E voou para longe
Me deixou aflito, sozinho
Mas sem ela, como conseguirei atrair
mulheres que me fazem feliz?
Como voltar a dividir chuveiros
E roça roça de pés sob as cobertas?
E o claro se tornou escuro
E o azul, vermelho
E o que era farto se tornou escasso
Para que se cumpram os designios
De quem nos entende mais do que nós mesmos
Pois tudo que é, um dia,
precisa deixar, um dia, de ser.
Volta, ó coragem
Preenche o vazio que em mim deixou
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
E se eu resolvesse
Nunca mais me apaixonar
deixar meu coração vegetando
E aceitasse seu sono profundo
Resolvesse, então, não acordar?
Talvez assim, morto
Voltasse a sentir o que é estar vivo