segunda-feira, 16 de junho de 2014

País da piada pronta: Oposição brasileira chama Participação Popular de ato antidemocrático!


Viva Brasil! O bicho pegou pra Dilma. Parece que finalmente a senzala deixou desse negócio de “paz e amor” e resolveu enfrentar face a face os privilégios da casa-grande.

"Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos dessa constituição” (CF, art. 1º, parágrafo único)

O Brasil vem sendo bombardeado de informações incompletas (seriam mentirosas?) a respeito do decreto 8.243/14 que instituiu a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social, um “decreto bolivariano”(?) que, segundo empresas de comunicação neste País (as quais costumo chamar carinhosamente de O Oligopólio), representaria "o mais ousado e direto ataque à democracia representativa em 10 anos de poder petista no Brasil” (Revista Veja).

Parênteses: essa revista deu-se ao trabalho de enviar perguntas à secretaria geral da presidência da república a respeito do decreto, mas ninguém entendeu (eu entendi...) o porquê desta revista não utilizar as respostas do governo em seu texto (publicitário?).

Para o oligopólio, o governo do PT estaria tentando mudar a ordem constitucional do País através de decreto (Estadão).

Ataque à democracia representativa? E nossa constituição a prevê exclusivamente? Vivemos em um sistema misto de representação e participação direta. Não se invade as prerrogativas do legislativo, pois afinal quem aprova as leis são eles.

Trata-se de institucionalizar uma maneira formal de ouvir a sociedade antes de se tomar tais decisões.

O poder de decidir é uma prerrogativa exclusiva do congresso nacional? Nós, sociedade, não temos o direito a sermos ouvidos?

Que ofensa à casa-grande!

Nesta postagem feita por Reinaldo Azevedo em seu blog, o conceituado jornalista (depende de quem conceitua...) a serviço do oligopólio não entra no mérito do decreto em si, mas somente na revolta do congresso com a atitude de Dilma - uma estratégia conhecida em comunicação de quem quer mudar o foco da questão, criar furacão em ventilador.

Ok então, se o problema é a forma, a presidenta revoga o decreto e envia um projeto de lei ao congresso... e depois, o congresso aprova?


O que nossos “grandes irmãos” na mídia não nos dizem é que o problema está no conteúdo do decreto. O Congresso Nacional brasileiro parece não aceitar “intromissão” da sociedade civil organizada em sua competência (exclusiva?) de tomar decisões.

O Globo fala em “urgência”. O líder do DEM na câmara, Mendonça Filho (RN) (que inclusive ganhou um espaço bem maior que o dedicado ao Advogado Geral da União), afirma que Dilma agiu “ao arrepio da lei”, que os “representantes do povo” devem agir para garantir a “independência do legislativo”.

Na verdade, o que parece estar arrepiando o senhor Mendonça casa-grande é ter que dividir o poder do Estado, dedicado aos grandes empresários, com os "reles" seres humanos que precisam trabalhar para sustentar esse mesmo Estado que o senhor Mendonça tanto zela.


O “decreto bolivariano” – ou da senzala – só está crescendo em importância com a gasolina jogada pela direita (acho estranho chamá-los oposição). De uma simples institucionalização de um canal de comunicação entre Estado e Sociedade, o decreto está se transformando na prova viva do distanciamento entre classe política e sociedade, principal razão que levou o povo brasileiro às ruas em 2013.

Nós, o povo, detentores do Poder do Estado, queremos mais participação política.

O ‘Brasil que decide’ não está acostumado a ser ouvido pelo ‘Brasil que sustenta’.

O congresso nacional mostra que o político-estereótipo - aquele que, após eleito, vira a face ao cruzar com o povo na rua - não é tão fantasioso assim.

Para ficar mais explícito ao brasileiro quem manda no Brasil, o presidente do Senado, excelentíssimo senhor Renan Calheiros (PMDB-AL), aproveitou o ensejo do “decreto bolivariano” para criticar a proposta de regulação da mídia que vem sendo proposta por Dilma, afirmando que irá interditar qualquer tentativa de discutir a questão.

Entrelinhas: não se trata de discutir o plano de regulação da mídia proposto pelo PT, mas sim de não discutir QUALQUER forma de regulação da mídia no Brasil.


Não se trata de censura senhor Renan, mas da possibilidade de punir quem utiliza-se da comunicação social – um bem da coletividade – para fins privados.

Marx continua atual: a história da sociedade vai se desenrolando em torno da luta de classes. Só que no mundo real, parafraseando Gilberto Freyre, quem usa a luta armada não é a senzala, mas sim a casa-grande.

http://www.polis.org.br/noticias/politicas-publicas/manifesto-de-juristas-e-academicos-em-favor-da-politica-nacional-de-participacao-social

sábado, 7 de junho de 2014

Barbosa, o ministro que orgulhou o Brasil em seu ingresso - e aliviou em seu egresso



Há cerca de dez anos tivemos uma grata surpresa com a escolha do primeiro ministro negro para a mais alta corte jurídica do País, o então desconhecido Joaquim Barbosa. Fruto da identificação do Partido dos Trabalhadores com os movimentos sociais, sua escolha foi motivo de orgulho para nós, brasileiros.

Apesar do fator “raça”, o que impulsionou a escolha de Barbosa foi seu bom currículo, conforme afirmou o próprio Lula.


Nascido pobre, Barbosa migrou para Brasília e, por mérito próprio, mesmo tendo que trabalhar e estudar, acabou ingressando no curso de direito da Universidade de Brasília (UNB), uma das mais concorridas do País, tendo em seguida ingressado no mestrado em Direito do Estado. Aprovado em concurso público para o cargo de Procurador da República, Barbosa é fluente em francês, inglês, alemão e espanhol. Além de ministro, Barbosa é ainda docente da UERJ, embora esteja licenciado sem remuneração.



O ainda ministro (e presidente) do STF ficou famoso ao ingressar no supremo, entretanto foi com a relatoria da Ação 470 que Barbosa foi alçado pela chamada “grande mídia” (oligopólio formado pelas empresas de comunicação da família Marinho, Civita, Mesquita, Frias, entre outros) como “herói da nação”.

O Ministro-herói
Pela primeira vez nesse país (parafraseando nosso ex-presidente) políticos corruptos estavam sendo exemplarmente punidos – bradou o oligopólio, sem explicar bem o porquê do processo contra o PT avançar “à Schumacher” enquanto tantos outros nessa suprema corte caminharem “à Barrichello” – segundo o próprio Barbosa, existem hoje mais de 65 mil processos aguardando julgamento em nossa suprema corte.


Até então tudo certo. Não vou entrar no mérito do mensalão em si (que começou na era FHC, no governo tucano em Minas Gerais, apesar de só lembrarmos do PT...), mas se resta provado a corrupção desses agentes, não há  o que se falar: devem ser punidos.

O problema foi a direção do processo.

A começar pela condenação de José Dirceu, então chefe da Casa-Civil do governo federal (em outras palavras, nº 2 do governo). Não restou provada a participação direta de Dirceu no esquema, sendo este condenado pelo princípio do “domínio do fato”.

http://www.viomundo.com.br/politica/valor-a-tese-que-sera-usada-para-condenar-jose-dirceu.html

Isso mesmo que você está lendo: alguém foi preso não por ter sido comprovada sua participação, mas por que este “deveria saber”.

Outro problema foi a negação do duplo grau de jurisdição aos réus da ação 470, um escândalo jurídico para o País, pois todo acusado tem direito à revisão de sua pena. Engraçado (se não fosse trágico) que o próprio STF decidiu desmembrar o processo contra o "mensalão mineiro" - ou tucano, dividindo-o entre o o próprio STF  e o TJ-MG, pedido esse negado aos petistas, mesmo os processos sendo idênticos.

Não, isso não é uma prova de que o mensalão foi um julgamento político. (Detalhe: o mensalão tucano está em vias de prescrever, e o STF não parece muito preocupado com isso).

http://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticias/68916/prestes+a+prescrever+mensalao+mineiro+ganha+novo+adiamento.shtml

O julgamento teve ainda um forte aspecto sentimental (seria ‘pressional’?), com direito a transmissão ao vivo pelas televisões de todo o País. Questionável se os ministros julgaram com a isonomia necessária... ou com a “faca no pescoço”.


A meaculpa do tribunal ficou comprovada com uma mudança no regimento interno aprovada recentemente impedindo que o modo como se conduziu a AP 470 seja replicado em outros processos.

Nota: essa também não é uma prova de que se tratou de um julgamento político.

http://www.portalimprensa.com.br/noticias/ultimas_noticias/66071/stf+determina+que+julgamento+de+politicos+e+ministros+nao+sejam+mais+transmitidos+pela+tv

Fechou-se um acordo para não incluir o então presidente Lula no esquema. Dizem as más línguas que não foi consideração pelo capital político do ex-metalúrgico que se transformou em referência política internacional, mas por medo do povo ir às ruas.

Até então as coisas foram bem para o Ministro-herói. Com o mensalão diariamente na pauta de todos os jornais do País, ficava difícil alguém questionar os métodos do STF (seria isso a “faca no pescoço”?). Entretanto, com o desgaste natural da matéria, as críticas a como o processo correu começaram a surgir.

O Mensalão


Politicamente o mensalão não rendeu muito. “Descoberto” em 2005, não impediu a reeleição do presidente Lula, nem muito menos a eleição de sua sucessora, Dilma Rousseff (para desespero do oligopólio). Era necessária mais lenha nessa fogueira.

No final de 2013 começaram as prisões. Barbosa não permitiu que o deputado José Genoíno, de 68 anos, hipertenso e com comprovados problemas cardíacos, cumprisse pena domiciliar (ele até conseguiu essa “regalia”, mas graças ao ministro-herói voltou ao presídio da Papuda). O processo foi confuso – Barbosa chegou a decretar a prisão do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) mas, por “falta de tempo” (???), não pôde assinar a ordem de prisão – e ainda criticou quem não o fez. 


Mas foi contra José Dirceu que sua atuação como presidente do STF envergonhou toda a nação, em especial o meio jurídico.

Tentando resumir (esta é uma novela muito longa), Barbosa negou a Dirceu (que foi torturado lutando pela redemocratização do País) o DIREITO de trabalhar fora do presídio. Dirceu (que, como já afirmado, não teve comprovada sua participação no esquema) foi condenado ao regime semiaberto, caso em que a lei garante o direito a trabalhar fora como qualquer cidadão e voltar para dormir no presídio, uma medida tomada para ressocializar o prisioneiro. Pois bem, apesar desta jurisprudência estar consolidada em nosso País há mais de dez anos pelo STJ (Supremo Tribunal de Justiça), o ministro-herói negou esse direito a Dirceu.

A incerteza jurídica criada põe em risco o trabalho externo de mais de 77 mil presos condenados nesse regime, que correm o risco de voltar em tempo integral para a cadeia (como se houvesse vagas...).


Apesar do apoio do Oligopólio, a pressão foi maior


Joaquim Barbosa feriu, com tudo isso, um dos princípios basilares de nosso Estado de Direito - senão o maior: a ISONOMIA (CF/88, art. 37, caput), que obriga o Estado e os magistrados a tratarem de forma impessoal todos os cidadãos. O Sr. Barbosa, ao tratar do “caso Dirceu e sua gangue do PT” de forma vingativa e provocativa manchou a credibilidade do judiciário brasileiro.

Em nota, a OAB-seção DF criticou a decisão tomada monocraticamente pelo Presidente do STF; a Pastoral Carcerária também se posicionou contra a decisão do ministro. 



Mesmo com o apoio irrestrito do oligopólio, a decadência jurídica de Barbosa se tornou uma questão de tempo.

O ainda ministro do STF Joaquim Barbosa anunciou sua aposentadoria no último dia 29 de maio. Com 59 anos, Barbosa teria ainda pela frente cerca de 10 anos de prestação de serviço público à nação, interrompidos pelo anúncio daquela quinta-feira. Não se sabe o motivo, entretanto a ausência de comentários positivos ao seu respeito no meio jurídico (sem falar no político) pode nos dar uma pista das verdadeiras razões.

Será que Barbosa agiu movido por interesses pessoais?

Para os que afirmam que todo esse rigor foi necessário para servir de “exemplo” aos corruptos de nosso País, lembro-vos que Barbosa não é nenhum santo. Além de ser favorável ao aumento do limite constitucional nos subsídios dos ministros, elevando os salários para um “novo teto” que pode chegar aos R$ 40 mil reais mensais, criando toda uma cadeia de aumentos que seria explosivo às contas públicas, Barbosa ainda se viu desmascarado por conta dos malabarismos financeiros utilizados na compra de um apartamento em Miami.



Em 2008, ao agredir o ministro Eros Grau por conta de decisões tomadas em um julgamento, chamando-o de burro, com dedo em riste, quase indo às “vias de fato”, Barbosa teve que ouvir de volta uma resposta indelicada, porém verdadeira: “Para quem batia na mulher, não seria estranho se batesse em um velho também” (a ex-mulher do ministro-herói certa vez registrou um boletim de ocorrência por agressão). Barbosa trocou farpas ainda com outros “colegas” como Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello e, principalmente, Ricardo Lewandowski. Outra vez mandou que um jornalista fosse “chafurdar no lixo”.


Questionáveis atitudes para alguém que já foi lembrado como o “menino pobre que mudou (?) o País”.

Além das notícias tão favoráveis a Barbosa, outro fato que o liga ao oligopólio golpista é a contratação de seu filho pela Rede Globo para a produção do programa "Caldeirão do Huck".

http://f5.folha.uol.com.br/televisao/2013/07/1306449-filho-de-joaquim-barbosa-e-contratado-pela-globo.shtml

http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/07/filho-de-joaquim-barbosa-ganha-emprego-na-globo.html

O ministro, que (ainda?) não é político, parece que não aprendeu a agir sem deixar rastros...

Se restar provado que Joaquim Barbosa utilizou-se de sua posição para julgar de forma parcial cidadãos brasileiros, configurando a AP 470 em um julgamento político, o próprio STF deve se manifestar em favor de abertura de processo contra o seu ainda presidente.

Sr. Barbosa, torço para que, um dia, nós o vejamos julgado por seus desmandos junto ao STF – mas, ao contrário de como você conduziu a AP 470, de maneira IMPARCIAL, com duplo grau de jurisdição, baseado em provas legais e incontestes, E SEM TRANSMISSÃO AO VIVO PELA TELEVISÃO, como se um show de pop star fosse.

domingo, 1 de junho de 2014

Copa 2014, um país desavergonhado contra um Ronaldo envergonhado


Ronaldo, ao contrário de você, que participou do comitê de organização da Copa do Mundo até anteontem e agora resolveu se envergonhar (no mesmo instante que anuncia seu apoio ao candidato Aécio Neves, nessas coincidências que só vemos aqui e em Marte), eu me sinto orgulhoso de meu país.

Não quero falar dos 25 bilhões de reais gastos para financiar um evento de uma organização privada; não quero falar das remoções de inocentes de suas casas para dar lugar às obras da copa; não quero falar da prepotência das polícias, como tratam os manifestantes na “porrada”, como enxergam a quem protesta como “inimigos do Estado”; não, não quero falar da cobertura dos nossos meios de comunicação aos protestos de “vândalos”; tudo isso nós já sabemos.

O povo brasileiro não deixou o oligopólio da mídia varrer tudo isso para debaixo do tapete.

Hoje eu quero falar com orgulho de meu País, que com baixa escolaridade e pouca (ou nenhuma) representação nos meios de comunicação conseguiu enrubescer uma organização internacional e poderosa como a FIFA LTDA.

No ano passado, durante a Copa das Confederações, o mundo (principalmente seu 1% de cima) assistiu atônito ao florescer das manifestações no Brasil, um país conhecido por sua pacificidade. Em nível nacional, milhões de cidadãos saíram às ruas em protesto contra os gastos no torneio, as denúncias de corrupção, as agressões aos direitos humanos... e receberam de volta uma polícia truculenta, violenta, covarde.

Ainda assim os protestos não diminuíram, e só cessaram por conta da presença de vândalos (FINANCIADOS por não sei quem) que desvirtuaram o objetivo inicial dos protestos. Se esses FINANCIADORES DE VÂNDALOS queriam pôr gasolina nos protestos no Brasil o tiro saiu pela culatra, e a gasolina transformou-se em água, pacificando o País.

(Tem coisas que a gente só vê acontecendo no Brasil)

Hoje eu tenho orgulho de meu país porque, depois do Brasil, esse evento chamado "Copa do Mundo" nunca mais será o mesmo. A FIFA até continuará com sua política intervencionista e expropriatória, entretanto nada mais será como antes.

O Brasil desnudou para todo o mundo quem é essa instituição.

Se há algum “legado” que esta copa nos deixará parece ser a reorganização dos movimentos sociais no Brasil, um precedente que só o tempo poderá avaliar.

Engraçado. Estamos sob um governo dito de “esquerda”, mas este nos manda irmos para casa assistirmos “tranquilamente” (seria alienadamente?) os jogos e torcermos pelo Brasil (vi esse mesmo enredo em 1970...). Foi o povo, não nossas esquerdas, quem tomou a iniciativa de barrar a boçalidade desta instituição internacional em um movimento espontâneo e anárquico. Ninguém esperava que, no país do futebol, o povo desse um basta à arrogância padrão FIFA.

Vamos sim torcer pelo Brasil, mas não como antes, pois esses R$ 25 bilhões estão entalados em nossa garganta.

Hoje eu tenho orgulho do Brasil, ao contrário de você, Ronaldo Fenômeno (do marketing).



IMAGEM: www.sidneyrezende.com [I don't own this image copyright - just education use - no comercial use]

P.S. Ronaldo, cuidado com seu teto de vidro, pois tem coisas mais cabeludas que você poderia se envergonhar, como mentir em rede nacional para o povo brasileiro afirmando não saber diferenciar uma tangerina duma pocã...