O tal do "sistema"

Tá cada vez mais difícil viver dentro do sistema. Responsabilidades e trabalho em troca de engarrafamentos, sofrimento, ambição e injustiça, disfarçados em uma grana no final do mês ou um título de ensino superior. Isso eu venho sentindo a algum tempo, mas ficando adulto e entendendo cada vez mais o mundo tá me deixando enfraquecido e desestimulado de continuar nele.

Mas o que é esse tal de sistema que as pessoas tanto falam, principalmente aquelas ligadas às causas da esquerda (outro termo que sozinho dá um post)? Há um tempo que quero escrever sobre isso, apesar de saber que não conseguirei explicá-lo em toda sua abrangência.

O SISTEMA É O MODO ECONÔMICO-SOCIAL-IDEOLÓGICO que "escolhemos" viver - o modo como nossa sociedade está organizada. É baseado no lucro, na acumulação e na divisão de classes de acordo com a quantidade de bens e serviços que você pode gozar. Quanto mais poder ou dinheiro você tem - ou APARENTA ter, mais você é dentro de nossa sociedade, e não sua decência, honestidade ou inteligência.

O homem tem necessidades materiais que precisa satisfazer, e para isso desenvolveu técnicas para conseguí-las, como o comércio, a agricultura e a fábrica (manufatura). Nossa sociedade contemporânea começou a moldar-se desde o mercantilismo e a revolução industrial inglesa - ascenção do comércio sem fronteiras, das fábricas, da relação patrão-empregado e das grandes cidades.

Exemplo de nossa idiotia coletiva: você pode ir de ônibus ou bicicleta ao trabalho, porque então trabalhar muito mais para manter um carro e ir todo dia nele ao trabalho? O que realmente nos leva a aceitar e abraçar o sistema - que ao não gerar as mesmas condições de ascenção social a todas as pessoas, é na verdade uma grande e mal disfarçada FORMA DE EXPLORAÇÃO DAS PESSOAS?

NÓS SOMOS CRIADOS dentro de um sistema de valores repassados principalmente PELA TELEVISÃO. Desde que nascemos, a mídia nos "ensina" o que é TER SUCESSO, ser BEM SUCEDIDO, o que é FELICIDADE - atire a primeira pedra quem achar que estou errado. Quem não atende a esse sistema de valores não é reconhecido como uma pessoa interessante, óbvio salvo excessões. Para ser aceito no seu grupo, O HOMEM ABRE MÃO DO QUE ACREDITA\SENTE PARA TER SUAS NECESSIDADES SOCIAIS - não mais materiais - ATENDIDAS: pegar mulher na balada com um carrão, ser respeitado pela família ao ter um bom apartamento ou casa ou ainda obter admiração dos amigos e conhecidos por causa do bom emprego.

Como disse meu amigo Cazuza, "... nosso crime não compensa": ser doidão e feliz, fazendo o que quer, é inútil ao contrário de roubar e obter benesses materias.

Acontece que existem outras formas de sociedade. Raulzito já cantava "Viva à sociedade alternativa". O hippies já mostravam na década de 60 que ser feliz sendo diferente é possível. OK que esses casos incluem muitas drogas para se ter a mente "tão aberta", mas há casos de sociedades alternativas aqui no Brasil onde alguém doa partes de sua terra para pessoas virem morar, plantar, cuidar da terra e uns dos outros, vivendo em uma sociedade justa com respeito entre si, valores morais, religiosos e sentimentos de justiça e igualdade. Eu vi com meus próprios olhos nessas andanças que fiz pelo país.

Então assim eu descrevo como é a sociedade que imagino e quero viver: uma ideologia de justiça e igualdade; uma economia baseada no trabalho voluntário (você trabalha naquilo que sua personalidade e capacidade lhe dota melhor) e com produção dividida entre seus membros (uns cuidam dos outros); e o meio social onde os líderes são escolhidos naturalmente de acordo com sua capacidade de liderança e produzir bens e segurança para o seu povo.

Um sistema igualitário de alimentação e trabalho voluntário traria HARMONIA à esse povo, que teria mais tempo para dedicar-se a atividades mais prazerozas, como a arte ou esportes.

Assim como previu nosso grande amigo, filósofo e cantor Israel Kamakawiwo'ole na sua música Somewhere Over The Rainbow...