Ontem, durante a disciplina de Estética que estou cursando
como aluno especial (no curso de filosofia da Universidade Federal do Ceará),
tivemos uma discussão interessante sobre o cotidiano e a estética.
Para o professor Kléber (não sei seu sobrenome), o cotidiano
relaciona-se diretamente com o que é chato, povoado por regras, “não artístico”.
Por isso precisamos da arte, que funcionaria exatamente como momento de escape
desse dia a dia estafante e entediante. Assim adentramos no conceito de “cotidiano
estético”: você consegue imprimir ao seu dia a dia, que envolve pegar ônibus,
lavar louças ou lavar suas cuecas, uma metafísica interessante?
Lembre-se disso... A vida cheia de responsabilidades absorve
nossa vida, nossos melhores anos. Pensamos tanto no depois, no futuro, no isso,
no aquilo que esquecemos de pensar no AGORA. A vida que eu levo me satisfaz? Sei
que a maioria não pode simplesmente trocar sua vida por outra, mas de repente
você pode conseguir mais uma horinha para ficar com os filhos, fazer mais
passeios pelo campo (deixando o shopping de lado), trocar a televisão pela
leitura ou aquela bebedeira no bar por um espetáculo de dança. Vale
oferecer um sorriso a uma criança, puxar conversa com um velhinho sobre o tempo
ou ir à missa, ao culto, ao centro espírita, ao candomblé...
Você continuará com essa vida de merda na maioria das 24H do
dia (difícil deixá-la), mas pelo menos poderá agregar um pouco mais de estética
a ela!
O prof. Kléber, na primeira aula, já me chamou a atenção por
ser um ateu convicto, mas segundo suas palavras não de nascença. Parece que
nasceu católico, mas leu tanta coisa que acabou ateu - embora admita que isso
não lhe faça feliz.
Pouco tempo depois tivemos uma reflexão sobre o bem e o
mal... Ele, citando Espinoza, nos falou que sem dúvida a energia do bem é
superior à do mal, basta analisarmos por um ponto de vista prático. Dois seres
humanos não conseguem conviver utilizando-se do mal como mediador, pois
o outro não aceitará e revidará com mais energia má, e assim em um ciclo
contínuo. Já uma relação mediada pelo bem pressupõe que atingirá um equilíbrio,
haverá acordo e união, pondo fim ao ciclo sem fim das disputas pela razão
individual. Professor Kléber, não poderia imaginar forma melhor de provar a
existência de Deus!
Mais sobre meu curso de estética nos próximos capítulos...
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